Especulações sobre Privatização do SAAE Crescem em Meio a Crise de Abastecimento

Moradores de Correntina enfrentam problemas recorrentes no fornecimento de água, com desabastecimento, rompimento de encanamentos e equipamentos defasados. A situação precária do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) alimenta especulações sobre uma possível privatização do serviço, enquanto dados financeiros da autarquia não são facilmente acessíveis à população.
A gestão do saneamento básico em Correntina tem sido alvo de crescentes debates e preocupações por parte da população. Em meio a um cenário de desabastecimento frequente, rompimento de tubulações e a visível defasagem de bombas e equipamentos, surgem na cidade especulações sobre a possibilidade de a gestão municipal estar considerando a privatização do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
Embora não haja, até o momento, nenhum comunicado oficial da Prefeitura de Correntina confirmando um plano de privatização, a percepção de uma crise na prestação do serviço tem sido o principal combustível para esses rumores. Comunicados recentes divulgados pela Autarquia indicam que o sistema de abastecimento de água do município opera à beira do colapso, dependendo de investimentos significativos para modernizar a captação, tratamento e distribuição.

De acordo com uma análise do “Jornal de Correntina” publicada em março de 2025, a situação crítica do SAAE se deve, em grande parte, a equipamentos antigos, alguns com até três décadas de uso. O sistema de bombeamento de água, por exemplo, com uma vazão que varia entre 230 a 240 m³/hora, já não consegue atender à demanda em determinados períodos. A distribuição, segundo a publicação, funciona “no limite”.

Além da infraestrutura desgastada, o sistema elétrico que alimenta os equipamentos de captação e distribuição é, por vezes, deficiente, operando com uma carga inferior à necessária para seu pleno funcionamento. A situação se agrava nos meses mais quentes do segundo semestre, como agosto, setembro e outubro, quando o consumo de água dispara, superando a capacidade de captação do sistema.

A Questão Financeira e a Falta de Transparência
Um ponto central nas discussões sobre a viabilidade e o futuro do SAAE é sua saúde financeira. No entanto, o acesso a informações detalhadas sobre a receita da autarquia, proveniente do pagamento das contas de água pelos contribuintes, não é uma tarefa simples.
Apesar da existência de um Portal da Transparência, a localização de relatórios financeiros consolidados que detalhem a arrecadação mensal ou anual do SAAE de Correntina é dificultada. As buscas nos portais de transparência da prefeitura e da própria autarquia não retornam de forma clara e direta os valores arrecadados com as tarifas de água. Essa dificuldade de acesso a dados financeiros detalhados contribui para a incerteza sobre a real condição financeira do SAAE e sua capacidade de investimento com recursos próprios.

O Fantasma da Privatização no Contexto Baiano
As especulações em Correntina não são um caso isolado na Bahia. Em diversos municípios do estado, a discussão sobre a privatização de serviços de saneamento tem surgido, geralmente impulsionada por problemas operacionais e financeiros das autarquias municipais. Em outras cidades, debates semelhantes levantaram preocupações sobre possíveis aumentos tarifários e a qualidade dos serviços após a transferência para a iniciativa privada.

Em Correntina, a combinação de um serviço que apresenta falhas crônicas e a falta de clareza sobre as finanças do SAAE cria um terreno fértil para a desconfiança e para os rumores de que a privatização poderia ser considerada como uma solução pela gestão municipal. Enquanto a prefeitura não se posiciona oficialmente sobre o assunto, os moradores continuam a conviver com a incerteza tanto na torneira de casa quanto no futuro da gestão da água no município.