Do Prazo Perdido ao Video Pronto, Quando o Beneficio vira Politica

Enquanto Maguila assinou a conta e saiu, Mariano esperou 10 meses para pagar o boleto vencido. E o agricultor, que quase perdeu R$ 1,7 milhão? Ficou no meio do tiroteio.

A política de Correntina virou um verdadeiro campo de batalha de vídeos e notas oficiais. Primeiro, o atual prefeito, Mariano, soltou um vídeo e um comunicado à imprensa. O tom era de heroísmo: sua gestão teria salvo o Garantia-Safra, corrigindo mais uma “irresponsabilidade” da gestão passada. A prova? Um ofício (nº 0244/2025) que mostrava uma dívida de R$ 42.336,00 com o programa, com prazo final de pagamento em 21 de outubro de 2025. Mariano exibiu o comprovante de pagamento (feito em 24/10/2025), alegando ter garantido R$ 1,7 milhão para mais de mil agricultores.

A resposta do ex-prefeito Maguila, veio em seguida. Em seu próprio vídeo, ele chamou o atual prefeito de mentiroso. Mostrou o mesmo ofício, mas com uma interpretação diferente: alegou que a dívida era referente a 2025, ano em que ele não era mais prefeito, e que, portanto, o problema não era dele. Maguila ainda ironizou, mandando Mariano parar de mentir e ir cuidar das promessas atuais.

O que não te contaram

Nessa guerra de narrativas, os dois lados mentem por omissão e manipulam os fatos. O que Maguila “esqueceu” de dizer ao povo é o principal: o documento que criou essa dívida foi assinado por ele. O Termo de Adesão ao Garantia-Safra 2024/2025 (Processo SEI nº 077.10898.2024.0008766-01) é claro. Na página 3, consta a assinatura eletrônica de Nilson José Rodrigues, datada de 12 de novembro de 2024.

Ou seja, Maguila no apagar das luzes do seu mandato, assinou o termo , comprometendo o município com os pagamentos que venceriam em 2025. A Gestão atual alega que ele fez isso sem deixar o dinheiro em caixa, uma clássica manobra que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal. Maguila, portanto, armou a bomba e saiu.

Mas se Maguila armou a arapuca, o prefeito Mariano pulou nela de propósito. O que o “prefeito salvador” também não contou é que a dívida de R$ 42 mil não era um boleto único. O próprio ofício que ele exibiu mostra que o pagamento era dividido em seis parcelas, com vencimento de janeiro a junho de 2025.

A pergunta que não quer calar é: por que a “gestão responsável” de Mariano esperou 10 meses? Por que ignorou os seis vencimentos, deixou a dívida rolar, esperou o prazo final (21/10/2025) e só pagou depois de vencido?

A resposta é óbvia: Mariano deixou o caos se instalar e o agricultor entrar em pânico para, no último segundo, pagar a conta (que era sua obrigação desde janeiro) e posar de herói, culpando o antecessor.

Reação pública

No meio do fogo cruzado, o agricultor familiar de Correntina viveu dias de agonia. O risco de perder o benefício de R$ 1,7 milhão por uma inadimplência de R$ 42 mil era real. O povo não é bobo. O que se viu foi um ex-prefeito que não assume o que assina e um prefeito atual que se orgulha de pagar um boleto que ele mesmo deixou vencer por 10 meses. É o retrato da politicagem rasteira, onde o povo é mero detalhe.

E agora?

Mariano pagou a conta e o benefício está garantido. Isso é fato. Mas a manobra política ficou escancarada. Maguila provou que não teve responsabilidade fiscal ao criar uma despesa para seu sucessor sem a devida provisão. E Mariano provou que prefere o espetáculo da “salvação” à eficiência da gestão, que seria simplesmente ter pago as parcelas em dia.

Enquanto isso, Maguila cobra de Mariano o cartão de R$ 480 prometido e o desbloqueio de mais de 500 Bolsas Família. O atual prefeito, por sua vez, governa olhando pelo retrovisor, sempre com a desculpa da “herança maldita”. O agricultor, que assiste a tudo isso, só quer saber de uma coisa: a quem interessa essa briga, senão aos próprios políticos?

🪓 Coluna “Doa a Quem Doer” – Porque a verdade não tem lado.

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