Da Bomba ao Fundo do Poço, A Verdade Que Não Cabe No Cano
Enquanto ex-prefeito acusa gestão de “sucatear para vender”, diretor do SAAE admite queima de bombas, culpa o passado por dívida milionária e nega privatização. No meio da guerra, o povo segue de balde na mão.
A torneira seca em Correntina fez jorrar uma guerra de acusações. Primeiro, o ex-prefeito Maguila soltou um vídeo explosivo: acusou a atual gestão do SAAE de incompetência e de criar um “caos” proposital. A tese de Maguila é que a falta d’água, as bombas queimadas e os canos estourados são, na verdade, uma manobra para sucatear o serviço e justificar a venda da autarquia.
A resposta veio em tom de ataque. O atual diretor do SAAE, Jon Félix, gravou um vídeo-resposta. Nele, nega veementemente a privatização (“O SAAE não será privatizado”) e devolve o veneno: acusa Maguila de ser o “pai da irresponsabilidade”, de ter deixado a autarquia sucateada em 2016, com uma dívida de R$ 1 milhão, canos de péssima qualidade e de ter praticado nepotismo ao manter o cunhado no cargo por oito anos.
O que não te contaram
O problema, caro leitor, é que a defesa de Jon Félix é uma confissão. No primeiro vídeo, usado por Maguila, o próprio diretor admite a sequência inacreditável de falhas: queimou um fusível, depois queimou o painel e, por fim, torrou a bomba nova que a gestão dele comprou. Maguila, que entende da operação, cravou: foi incompetência, instalaram uma bomba incompatível com o painel.
E o que diz o diretor Jon Félix em sua tréplica? Ele afirma com todas as letras: “O quadro É compatível com a bomba”.
Aí, a conta não fecha. Se o equipamento era compatível, por que queimou? O diretor do SAAE admite o desastre (o patrimônio derretendo), mas nega a causa técnica mais óbvia. Ele prefere culpar a gestão passada por ter expandido a rede. Ora, levar água a quem não tem é “irresponsabilidade” ou é a obrigação básica do SAAE?
A maior contradição, porém, está no discurso. Jon Félix diz que criou o slogan “O SAAE é nosso patrimônio” para provar que não quer vender. Mas como o “guardião do patrimônio” preside o sucateamento em tempo real, com equipamentos novos indo para o espaço por falhas que ele mesmo não consegue explicar tecnicamente? Se o SAAE é nosso patrimônio, quem vai pagar pela bomba e pelo painel que a incompetência da gestão atual transformou em cinzas?
Reação pública
Enquanto os políticos batem boca, o povo lava roupa na mão. As Reclamações de moradores, esperando água nas torneiras em 2025, são a prova de que a guerra de narrativas não enche caixa d’água. Nas redes sociais, a população está dividida, mas uma coisa é certa: a paciência acabou. A tese da privatização, antes um boato, agora foi jogada na mesa por um ex-prefeito e negada por um diretor acuado. A desconfiança só aumenta.
E agora
O diretor Jon Félix fez uma promessa pública: “O SAAE não será privatizado”. A população vai cobrar. Mas, para isso, ele precisa parar de dar desculpas e começar a mostrar serviço. A gestão atual precisa explicar, com laudos técnicos e não com vídeos de ataque, por que equipamentos novos queimaram.
Enquanto isso, Jon Félix joga uma bomba de volta: a dívida de R$ 1 milhão e o calote no INSS (IMUPRE) supostamente deixados por Maguila. Isso é uma cortina de fumaça para esconder a incompetência de agora, ou é uma denúncia grave que o Ministério Público precisa investigar?
No fim, o povo de Correntina está refém de uma briga de comadres, onde o ex-gestor acusa o atual de sabotagem, e o atual acusa o ex de ter quebrado o sistema. E quem está certo? Talvez os dois.
🪓 Coluna “Doa a Quem Doer” – Portal Correntina. Porque a verdade não tem lado.
